Nesta semana, vimos a influenciadora Virgínia Fonseca e outros influencers diante da I das Bets, tentando explicar sua relação com os joguinhos de apostas online. Mas esse texto não é sobre eles.
É sobre o seu filho que não tem mais dinheiro para pagar a faculdade porque “apostou que ia virar”. É sobre o seu companheiro que pediu empréstimo no seu nome sem contar a verdade. É sobre você, que tem acordado à noite sem sono, pensando em como salvar quem ama de um vício que está consumindo tudo: tempo, dinheiro, dignidade.
Como psicóloga, tenho visto aumentar o número de famílias afetadas pelas apostas digitais. Não estamos falando apenas de jogos, mas de um comportamento compulsivo, silencioso e extremamente danoso — que tem sido incentivado por influenciadores com milhões de seguidores, mas nenhum compromisso com o bem-estar emocional de quem os acompanha.
Esses jogos foram feitos para parecerem inofensivos. Coloridos, rápidos, com promessas tentadoras de “fácil retorno”. Mas por trás da tela existe um sistema inteligente de recompensa cerebral, que vicia. É dopamina. É o “quase ganhei”. É o “só mais uma vez”. É a armadilha perfeita para quem já carrega frustrações, dívidas, baixa autoestima ou a fantasia de que o dinheiro é a única saída.
E o resultado? Pessoas adoecendo. Gente que antes trabalhava, estudava, sonhava… agora vive em torno do celular, tentando recuperar o que perdeu. E famílias desesperadas, tentando entender onde foi que tudo desandou.
Você que está lendo essa coluna talvez já tenha ado por isso. Ou talvez esteja vendo de perto.
Talvez esteja tentando ajudar e não saiba mais como. Por isso, quero te dizer: isso não é frescura. Não é fase. É um problema de saúde mental.
Quando a vida gira em torno de apostas, o que se rompe não é só o orçamento — é o vínculo, é a confiança, é a esperança. Se você tem alguém assim por perto: Não o chame de fraco. Não finja que não está acontecendo. Não empreste mais dinheiro achando que isso vai resolver.
Procure ajuda. Ajuda profissional. Terapêutica. Psicológica. Porque você não precisa (e não consegue) resolver isso sozinha. Mas pode ser a primeira voz que ele ouve no meio do barulho do vício. A voz que diz: “Eu sei que você tá perdido. Mas a gente pode buscar um caminho.”
E para você, que ainda acredita que é só um joguinho…Lembre-se: não se brinca com o sofrimento dos outros. Influenciar é mais do que lucrar — é responder, de alguma forma, pelas quedas que você provoca. A saúde mental não é moda. É urgência.
Reprodução Mídias Digitais - Virgínia
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Telma Elisa
Saúde Mental
Psicóloga e também jornalista, formada pela UFJF, Telma Elisa é especialista em comunicação assertiva e não-violenta, também pós-graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) pela PUC. Tem competência para te ajudar a lidar com ansiedade, relacionamentos, transtornos, e a desenvolver habilidades sociais para que seja possível levar uma vida mais plena.
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